quinta-feira, 1 de abril de 2010

O perigo em duas rodas



Cidades gêmeas. Assim, União da Vitória e Porto União são conhecidas. Gêmeas por dividem afazeres, obrigações. Mas que somam potência, organização, novidades, estratégias, população, carros, motos e tantas outras coisas. Juntas, segundo a contagem do censo 2007 possuem 83.299 habitantes,
Até de fevereiro de 2009, os municípios possuem juntos 7.293 motos, motonetas e similares. E com isso, dia a dia, vários acidentes envolvendo motos e similares acontecem, vitimando cada vez mais pessoas e muitas vezes com seqüelas irreversíveis.
Segundo o balanço da Policia Militar de União da Vitória, entre janeiro e fevereiro, foram contabilizados 35 acidentes, 19 envolvendo motos. Já em Porto União, entre o mesmo período, foram contabilizados 31 acidentes de trânsito, destes, 17 envolvendo motos. Ainda, a policia destaca que vários acidentes não são notificados. Com isso, o numero pode ser ainda maior.
Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde (MS) no final do ano passado, aponta que as mortes decorrentes de acidentes envolvendo motociclistas no Brasil, cresceram assustadoramente entre 1990 e 2006, apontando um crescimento de 2.252%, ou seja, em 1990 aconteceram 299 mortes decorrentes de acidentes já em 2006 esse número saltou para 6.734, ainda, sem falar em números até 2009.

Os excessos
Ao falar em acidentes, é importante lembrar e destacar a imprudência. Principal responsável pelos acidentes e principalmente os que envolvem motos. A pressa, o excesso de velocidade, as ultrapassagens perigosas e o abuso da confiança são os motivos do aumento de ocorrências e chamadas que envolvem os motociclistas de nossas cidades.
O baixo custo em relação aos automóveis, o fácil acesso e a locomotividade garantida são alguns dos atributos das motos. Quem compra esses veículos opta principalmente pela economia. As motos são na maioria econômicas, passam em qualquer espaço, são mais rápidas e ágeis, porém, apresentam um risco bem maior. Principalmente pela alta exposição do corpo de seu condutor.
Qualquer pequeno acidente envolvendo moto pode ter conseqüências graves. Geralmente, escoriações em membros como pernas e braços são os mais comuns. É fácil encontrar motociclistas com cicatrizes e marcas decorrentes desses acidentes.

Novas regras do Contran em 2009
A resolução 285 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009, muda a formação dos futuros motociclistas. Até a nova lei, os alunos treinavam em pistas internas nos Centro de Formação dos Condutores (CFCs) ou auto escolas. Com a nova lei, os alunos terão práticas de direção nas ruas, convivendo assim com a rotina diário do trânsito.
A mudança implica ainda, no aumento do curso prático, antes de 15 horas/aula para 20horas/aula. Já o curso teórico passa a ter 45horas/aula, antes com 30 horas/aula.
As mudanças ainda não chegaram em União da Vitória, mas mesmo assim, todos os Centros de Formação de Condutores já se encontram adaptados a nova Lei.
Segundo Artibano Nhoatto, proprietário de um CFcs, as exigências do Contran já foram todas atendidas, agora só falta a liberação do Departamento Estadual de Transito, (Detran PR), para que a Lei passe a vigorar. “Já estamos todos preparados, apenas aguardando a liberação do Detran”.
Em cidades como Curitiba, Londrina, a Lei já esta presente e em vigor.


Os Motoboys
Há três anos trabalhando como motoboy, Alexandro da Silva Lima, diz que optou por essa profissão, por ser algo mais livre, sem depender muito de patrão. Ele sabe dos riscos que corre dia a dia, mas destaca que sempre é responsável. “Ando de moto, desde meus 18 anos e até agora nada aconteceu”.
Alexandro e outros 12 motoboys trabalham em uma empresa de tele entrega em União da Vitória, que atende várias empresas ou apenas quem liga e solicita uma entrega.
Para ele, quando o produto da entrega é medicamento, a coisa muda um pouco. “A gente sabe que quem está precisando de remédio é quase urgente, então tenta apurar um pouco”. O mesmo acontece com comidas, para tentar chegar até o destino ainda quente. No bate papo com a reportagem, outros motoboys que estavam juntos, até contaram histórias engraçadas.
Uma delas, é que um deles ao entregar no endereço uma pizza ela já estava quase fria. O cliente quase bateu no profissional reclamando do estado do alimento, mas eles defendem que isso não é culpa deles, pois a entrega é feita o mais rápido possível e seguindo as leis de transito.
Ainda, eles destacam sobre a diferenças das pessoas que usam a moto para trabalhar e as que usam para o lazer. Segundo eles, é comum ver motoqueiros realizando manobras arriscadas e perigosas. O que Lima e seus colegas cobram, é mais respeito para com quem usa a moto para trabalhar e sustentar a família.

Os motoristas
“Eles necessitam respeitar mais os carros”, comenta Ruy Jabobs, motorista há 57 anos. Para ele e alguns colegas das rodas de conversa a velocidade é ainda o grande problema. Principalmente pela moto ser algo imprevisível. “De repente você chega a uma esquina, não tem nada vindo, e quando vê de novo, surge uma moto”.
A preocupação de Jacobs, é ainda sobre a vida de cada motociclista, porque eles ficam muito suscetíveis aos riscos.
Já para Luiz Alberto Rocha, existem duas classes que definem quem utiliza a moto, os motoqueiros e os motociclistas.
“Os motociclistas são via de regras, pessoas de bem, que respeitam e ajudam os outros nas estradas ou nas cidades. Já os motoqueiros são bagunceiros que querem levar vantagem sempre, acabam se dando mal e ainda colocam a sua vida e de outros em risco”.
Ele acredita ainda, que se todos usarem o bom senso, tem espaço sem distinção nas rodovias e ruas.
Jaque Castaldon
matéria publica no Jornal O Comércio - União da Vitória

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