segunda-feira, 29 de março de 2010

Muito mais que uma instituição


Assim é a Associação Profeta Daniel, que atende mulheres com dependência química e idosas


Ao chegar, um portão branco com uma estradinha de chão batido. As árvores do trajeto formam um corredor que para as internas, significa o começo de uma nova caminhada. Já para as vovós, um lugar tranqüilo, onde elas podem desfrutar da natureza relembrando toda a sua trajetória de vida. Isso define bem, a chegada na Associação Profeta Daniel, localizada no Bairro São Gabriel em União da Vitória.
Associação Profeta Daniel

O local começou a trabalhar e receber suas “hospedes” em 2004. Sua construção foi iniciada em outubro de 2001. Sua idealizadora, a senhora Tânia Forte, construí a casa pensando no tratamento de mulheres com dependência química, acima de 18 anos. Inicialmente esse era o único objetivo da casa. Mas em 2007, com o fechamento de um asilo aqui no município e aproveitando a capacidade física da Associação, novas moradoras chegaram até o local. Mulheres idosas que dependiam do antigo asilo, ganharam assim uma nova casa. Com estrutura completa para atender suas necessidades.

O Profeta Daniel, é um local aconchegante. Quem visitar ou quem já conhece sabe do que estou falando. Uma grande área de contato direto com a natureza, com árvores, flores e animais. Além, de uma horta recheada de legumes e verduras. Logo, logo, um pomar deve embelezar ainda mais a parte externa da casa. A casa possui quatro quartos com capacidade para quatro internas cada um, esses, voltados para abrigar as idosas que lá residem. Hoje, 12 vovós moram no local. Um outro quarto, com capacidade para seis pessoas, é divido pelas mulheres internadas com dependência química. Atualmente, apenas três lugares estão ocupados. Um quarto também foi montado para abrigar as monitoras que trabalham no turno da noite. Uma sala ampla, com sofás e poltronas fazem a alegria das internas principalmente na hora das novelas. Quando nossa reportagem visitou o local, as “senhorinhas”, apelido carinhoso usado pelas funcionárias para denominar as senhoras idosas, estavam no local, acompanhando a novela da tarde. Em uma outra sala, fica a parte administrativa, onde a auxiliar administrativa Keldy Marcondes recebeu a reportagem inicialmente. Depois, em um delicioso passeio pelos outros cômodos. Conhecemos o refeitório, esse sim, é de dar inveja a muita gente. Várias mesas alinhadas dão de frente a uma grande sacada, na vista, além do movimento da BR – 153 a Transbrasiliana os tanques do Centro de Piscicultura da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras, (Fafiuv). Logo depois, um grande corredor leva aos quartos e aos banheiros. Na cozinha, tabelas coladas na parede mostram o cardápio semanal, desenvolvido por nutricionistas. Lembrando sempre, a necessidade e os cuidados com cada interna. Na dispensa, bastante feijão, vidros de compota, enlatados e outros alimentos, a maioria oriundos de doações.

A Associação é filantrópica, ou seja, não visa obtenção de lucro. Preocupa-se com as pessoas mais carentes. As internas, quando, com condições financeiras contribuem mensalmente com as despesas, se não, as despesas são custeadas pelos Sócios Voluntários, pessoas que contribuem mensalmente com a manutenção do local. Além disso, o abrigo possui convênios com as prefeituras como, por exemplo, no atendimento médico. Entretanto, muitas vezes, as internas, na maioria as com mais idade são levadas para atendimento particular, devido à necessidade e a urgência no tratamento.

O dia a dia

Tudo é feito seguindo um cronograma. Aulas de artesanato são realizadas semanalmente, bem como a visita de pessoas das diferentes religiões. “Nos trazemos diferentes doutrinas aqui. Daí elas escolhem o que elas querem seguir”, comenta Keldy. Além disso, as internas com dependência química, auxiliam na manutenção e limpeza da casa, e também ajudam no cuidado com as senhoras. “Com essa convivência, conseguimos resultados muito melhores”, comenta. Ainda durante a semana, elas recebem atendimento psicológico, médico e fisioterapeutas. E visitas de representantes dos Alcoólicos Anônimos (AA) e também dos Narcóticos Anônimos (NA). Quando necessário, as internas são levadas com o carro da instituição até consultórios no município. A rotina começa com o café da manhã, logo depois um lanche e depois o almoço. No meio da tarde é servido um lanche, depois o jantar e, se alguma sentir necessidade, lancha mais uma vez antes de dormir. Atividades como, banho, jantar e outros afazeres se encerram às 20 horas. Mas, se as internas preferirem podem ficar mais um pouco acompanhando a programação na televisão.
Equipe

A equipe é composta por, um Fisioterapeuta (Daniela Sens), um Psiquiatra (Dr. Hans Jakobi), um responsável pela administração, um responsável técnico (Maria de Lourdes Palácios), duas psicólogas (Solange Wachholz e Mara Novacki Luiz) e também quatro monitoras, essas, dividas em turnos. Além dessa equipe profissional, o local, conta com a ajuda de várias pessoas e várias empresas. Os supermercados da região realizam doações semanais de frutas e outros alimentos. Sempre que preciso, empresas do ramo de construção sempre doam materiais ou os tornam mais acessível. E ainda, as vovós sempre ficam com os pés aquecidos, doações de meias de lã nunca faltam. Essa equipe de voluntários, pode se tornar cada vez maior. Ajuda sempre é bem vinda. Se ela não pode ser feita através do desenvolvimento de algum trabalho ou aptidão. Pode ser transformada em carinho e atenção. Basta uma tarde de conversa com essas senhorinhas. Todo o domingo, as visitas acontecem das 13h às 17 horas, e estão abertas à sociedade. “Muitas vezes o que elas precisam é de apenas uma boa conversa”, destaca Keldy. Ainda segundo ela, tudo é motivo de festa. Comemorações como aniversários, festas temáticas e até casamento são comemorados na Associação.
Tratamento

O tratamento para as internas com dependência química, dura no mínimo quatro meses e o termino é indeterminado. No período, elas são acompanhadas de perto por diferentes profissionais. Depois desse tratamento, elas são acompanhadas durante um ano pelas psicólogas. Existem casos de pacientes que já voltaram ao tratamento cinco vezes, mesmo assim, a equipe considera uma vitória. “A cada retorno, sentimos que pelo menos, alguma coisa conseguimos mudar em seu pensamento”. Apesar da idade mínima para internamento ser de 18 anos, a maioria tem mais de 25 anos, casadas com filhos. E muitas vezes procuram o tratamento por estarem com processo na justiça para a perda da guarda das crianças, ou também, como já aconteceu em muitos casos, às internas são levadas até a casa por outras ex-internas. Os casos são encaminhados até a associação, através do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de cada município, pelas assistentes sociais municipais e até mesmo pelos próprios familiares.
Jantar Beneficente

No dia, 13 de novembro de 2009, a partir das 20horas acontece a terceira edição do Jantar Baile da instituição no Clube 25 de julho. Com o objetivo de arrecadar fundos para a Associação. Para esse ano, o jantar é italiano e animado novamente pela banda By Brasil.
Você também pode ser voluntário

Para se tornar sócio voluntário do Profeta Daniel ou apenas voluntário. Basta você contribuir mensalmente com qualquer quantia acima de R$ 5 reais, ou apenas doar um pouco de seu tempo e sua atenção a essas pessoas que tanto precisam.
Serviço:
A Associação Profeta Daniel fica na BR 153, na rua Vitor Kukla, nº 510, próximo ao trevo de Porto Vitória, Telefone: (42)- 522 - 6433.


Jaque Castaldon


Matéria publica em 06/11/2009 - http://www.radiouniaoam.com.br/

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