segunda-feira, 29 de março de 2010

26 de agosto, Dia da Igualdade da Mulher. Conheça a rotina de Clarice

São 6h30 da manhã de uma terça-feira. O despertador indica que já esta na hora de acordar para ir trabalhar. Clarice, levanta, coloca água na cafeteira e o leite para aquecer no microondas. Ao mesmo tempo a toalha já esta estendida em cima da mesa, o pão e os biscoitos preferidos da família também.

Agora, 6h45, Clarice entra no chuveiro para uma rápida ducha. Ao sair, entra no quarto de Gabriela, sua filha de 16 anos e a acorda. Depois entra no quarto de Felipe, seu filho de 18 anos, junta todas as roupas sujas do chão e também o acorda.

Nesse tempo, já são 7h05. Ao entrar em seu quarto, Francisco, seu esposo ainda está dormindo. Então ela o chama para acordar também. 7h20, Clarice já pronta, termina de ajeitar os últimos detalhes da mesa do café. Enquanto Felipe reclama que tem que usar uma camisa azul, justamente a que esta na pilha gigantesca de roupas para passar. Clarice, mãe dedicada, deixa sua xícara de café pela metade, vai até a lavanderia e passa a famosa camiseta azul de seu filho. Depois todos enfim na mesa, terminam de tomar seu café. E cada um segue sua direção.
Gabriela, vai para o colégio onde esta terminando o Ensino Médio. Felipe, vai para o cursinho intensivo, para tentar mais um ano passar na faculdade. Já Francisco, que é corretor de imóveis vai até o escritório de empresa que trabalha – que nessas épocas com vendas bem a baixo do esperado. Clarice segue de ônibus, para não atrapalhar as rotinas dos outros três, até seu trabalho. Ela trabalha como secretaria de uma clinica de estética. Trabalho conseguido a pouco mais de um ano, para ajudar nas despesas da casa, quando Francisco ficou desempregado por cinco meses.


8h15, Clarice entra na clinica, ajeita as revistas na sala de espera, ligo seu computador, confere a agenda e coloca a água mais uma vez na cafeteira, dessa vez o café é para sua patroa. Entre pacientes, telefonemas e conversas lá se vai a sua manhã. É meio dia, seu esposo Francisco passa para pegá-la, mas com alguns minutos de atraso. Chega em casa 12h30, Felipe esta estirado no sofá, com os berros da mãe, resolve se mexer um pouco. E a ajuda colocar os pratos na mesa. Enquanto isso, no fogão os bifes já estão sendo fritos, e o feijão e arroz esquentado. A salada falta apenas temperar, ela deixou limpa na noite anterior, como faz todos os dias. 12h45, todos se sentam na mesa para almoçar. Conversam, trocam experiências do dia-a-dia e opiniões. 13h15, todos saem da cozinha, exceto Clarice, que empilha os pratos sujos na pia.
Felipe volta para o cursinho, Francisco volta para o trabalho, Gabriela vai para a aula de dança e Clarice também retorna para a clinica que trabalha. O ritmo de trabalho da tarde é muito parecido com o da manhã. Telefonemas, agendamento de consultas e ainda auxilia a esteticista. A tarde passa voando – como ela mesma sempre afirma. Uma vantagem ela tem, deixa o serviço às 17h30 e vai para casa de carona com sua companheira de trabalho, porque ela sempre vai buscar o filho na escola que fica próximo a casa de Clarice.


O dia esta quase chegando ao fim para muitos, exceto para ela. Ao chegar em casa, às roupas sujas já estão batendo na maquina, enquanto isso, a louça suja do almoço já esta quase limpa, com suas habilidades rápidas, adquiridas diariamente, pois sempre ela corre contra o tempo.
Uma geral na casa também agora é fácil para Clarice. As roupas da maquina já estão quase pronta, aproveitando o “tempo livre”, Clarice ainda passa um paninho nos sapatos de seu marido. Nesse tempo, as roupas já estão prontas para serem colocadas no varal. E lá vai Clarice então vai estendê-las na garagem onde ficava seu carro. O carro, tiveram que vender quando seu marido ficou desempregado. Mas agora pensado bem, é bom, ela tem lugar para estender as roupas a noite e quando chove.


Já dentro de casa, lembra-se, que o leite esta quase acabando. Vai até a padaria, compra leite e pão para o café. E vê uma deliciosa massa de pastel, e lembra, que sua família simplesmente adora pastel. Principalmente os de bananas. Então resolve fazer um agradinho para todos e compra a massa. Chega em casa, faz os pasteis. Enquanto isso, Gabriela chega em casa com uma amiga que vai dormir lá essa noite. As duas se trancam no quarto para conversar. Felipe chega, vai tomar banho, reclamando de fome. Enquanto isso Francisco já em casa, assiste o telejornal. Clarice, termina os pasteis, frita todos e chamam todos para a janta. Todos jantam. A louça da noite sempre é de responsabilidade de Gabriela, mas como hoje ela esta com visita, Clarice faz mais um esforçinho e a lava.

Depois dessa maratona e cheirando fritura, Clarice vai tomar seu delicioso banho. Então se senta no sofá ao lado de seu marido, para curtir já nesse horário a metade da novela das oito. Quando seu querido filho exclama que quer aquela tão blusa vermelha que também esta para passar. O que Clarice faz, vai ate lá passar a blusa vermelha. E olha para aquela pilha de roupas e resolve passar tudo. Adiantando o serviço. Então 23h30, um pouco cansada, Clarice vai até seu quarto e dorme.

Quarta-feira, 6h30, o despertador toca e Clarice se levanta. Espere! a rotina vai ser a mesma, pode ser que não nessa mesma ordem, mais vai ser a mesma, talvez não precise lavar roupa hoje nem passar, mas outros trabalhos vão surgir. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE), 35 milhões de mulheres trabalham fora no Brasil. Dessas, 32 milhões, realizam a jornada dupla ou seja, além de trabalhar fora todos os dias, desempenham atividades domesticas quando chegam em casa, como nossa amiga Clarice.

O que é revoltante, é que se nos mulheres, estudamos mais que os homens – estudos já comprovaram que as carteiras universitárias são mais preenchidas por mulheres. Desempenhamos os mesmos trabalhos, com igual ou mais capacidade, porque ainda recebemos menos por isso?? O preconceito ainda é grande em todos os aspectos da sociedade. Salve, as empresas que já deram um passo à frente, e não deixam esse preconceito ridículo atacar suas repartições.

Em particular, as mulheres brasileiras concentram-se em atividades do setor de serviço; são professoras, comerciarias, cabeleireiras, funcionaria publica, entre outros. Mas o que mais concentra mulheres é o serviço domestico remunerado – primeira ocupação das mulheres brasileiras. Das domesticas, 56% são negras. Este ai, mais um ponto para discussão. Qual será o motivo disso? Falta de oportunidades, falta de tempo, falta de dinheiro ou puro preconceito de uma sociedade? Isso é um bom assunto para outro dia.

Dia 26 de agosto, é comemorado o Dia da Igualdade da mulher. O dia refere-se a Margarida Maria Alves. Ela foi líder sindical e assassinada nas portas de sua casa, diante de seu marido e filho, em 1983 na Paraíba. Então, todo o ano para relembrar a data, trabalhadoras rurais de todo o país realizam a Marcha das Margaridas em homenagem a trabalhadora morta há 24 anos.
Falando em coisa boa, toda a empresa que tem em seu quadro de funcionários o maior número de mulheres, o trabalho é feito com mais entusiasmo, atenção e responsabilidade. O último adjetivo, bem conhecido desse sexo. Se não fossemos responsáveis, não agüentaríamos a jornada dupla diariamente. Sim! De segunda a segunda, porque mãe e esposa não tiram folga no sábado e domingo. O que é visível é a força de vontade em concluir a graduação e a especialização. A cada dia, mulheres adentram as grandes organizações, ocupando cargos de alta responsabilidade que antes pertenciam apenas aos homens.


É muito bom, é ótimo que a cada dia nos mulheres conquistamos mais lugar no mercado de trabalho, mais lugar nos cursos de graduação e especialização. Pois quem sabe com isso, todos percebam o nosso profissionalismo, nossa vontade de transformar o mundo em que vivemos. Juntas, podemos ser cada vez mais forte. Então mulher jamais permita ser derrotada ou humilhada. Lute e lute muito a cada dia mais, por seu lugar, por seu emprego, por sua família. Lute enfim pela sua realização e pela sua felicidade.


Jaque Castaldon

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